Fabio Namatame

Figura importante nos bastidores de grandes espetáculos, o figurinista, maquiador, cenógrafo e diretor Fabio Namatame conquistou o seu espaço no universo escondido das apresentações. Tanto que em 2007 passou a integrar o corpo de jurados do Prêmio Shell de Teatro, um dos mais importantes da categoria. Saiba mais sobre o trabalho e a influência oriental desse artista, em um rápido bate-papo entre Namatame e a equipe do Zashi

Zashi - Você atua como figurinista, maquiador, cenógrafo e diretor. Todas as funções fazem parte dos bastidores dos espetáculos. Como é fazer parte desse universo "escondido", mas tão importante para as apresentações?

Fabio: É muito excitante e bastante diferente daquilo que será visto pelos espectadores. Os figurinos, por exemplo, têm uma proporção um pouco maior do que uma roupa real. Os detalhes também são maiores para serem melhor vistos à distância, e o mesmo acontece com a maquiagem. Já na cenografia utilizamos as proporções do ponto de vista da platéia e falsas perspectivas que o palco permite. Tudo isso confeccionado artesanalmente, em função do espetáculo que estamos buscando.

Zashi - Na 19ª edição do Prêmio Shell de Teatro, você assumiu o posto da professora Maria Lúcia Candeias no corpo de jurados. Quais foram os quesitos que você levou em consideração e o que considera mais importante nessa premiação?

Fabio: A criatividade sempre e a importância do espetáculo para os possíveis questionamentos que ele poderá nos proporcionar, assim como, o rigoroso trabalho de criação e interpretação de uma obra

Zashi - Você criou o cenário da peça Turistas & Refugiados, que retrata a vida dos imigrantes de São Paulo. Em algum momento você se inspirou nos imigrantes japoneses?

Fabio: Sim, em muitos momentos vieram-me imagens de antepassados que arduamente lutaram para construir este Brasil que vemos hoje. O mais interessantes foi constatar que quase todos os imigrantes passaram por momentos muito semelhantes: Dificuldades, rejeição, preservação da cultura, folclores, etc.

Zashi - Você foi convidado para ser o figurista do grupo Burajiru. Você vai participar da peça que eles estão idealizando para o centenário da imigração?

Fabio: Estou muito feliz pelo convite, e acho um tema bastante rico e emocionante por fazer parte deste grupo de imigrantes. Tenho um imenso desejo de homenageá-los sempre pois são a essência de nossa cultura.

Zashi - Você é famoso por seus figurinos, cenários e maquiagens. O que você leva em consideração na hora de montar um figurino ou fazer uma maquiagem?

Fabio: Estou sempre atendendo às necessidades da montagem, ou seja, a concepção da direção, as marcações de cena, a criação dos personagens, a iluminação, enfim, um trabalho em conjunto de vários profissionais para conseguir uma harmonia e melhor entendimento da estória que estamos colocando no palco.

Zashi - Existe algum figurino, ou cenário, que você gostaria de ter montado? Qual e por quê?

Fabio: Gostaria muito de montar uma peça grega. Nunca tive a oportunidade de fazer uma e acho a época muito interessante. A trama, a tragédia são assuntos pelos quais me interesso muito.

Zashi - Existe algum tipo de influência oriental em seus trabalhos?

Fabio: Com certeza sim! Acho que é algo ancestral, sanguíneo, de DNA. Tenho uma preocupação com a síntese, com a economia de elementos, uma contundência de significados, características bastante forte na cultura japonesa.

Zashi - O Japão possui um tipo de teatro muito peculiar e tradicional. Você conhece o teatro japonês? Caso afirmativo, o que você acha desse tipo de arte oriental?

Fabio: Conheço o teatro Nô, o Kabuki e o Kioguen que são os mais tradicionais. Acho muito interessante a dedicação ao ofício da representação, o rigor da interpretação, o ritualismo da encenação e sobretudo a beleza plástica das imagens criadas a partir da síntese e símbolos essenciais.


Zashi - Quais são os seus próximos projetos?

Fabio: Estou preparando os cenários e os figurinos para uma nova montagem do coreográfo Ivaldo Bertazzo, farei O Guarani, de Carlos Gomes, direção de Willian Pereira, em Belém do Pará. Depois Rigoleto, em Ribeirão Preto, sob direção de Fernando Portari. E para 2008, Burajiru e Mishima, ambos com temas japoneses

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